
Quando pensamos no tratamento de distúrbios gastrointestinais, a alimentação tem um papel essencial para uma conduta assertiva. No caso da Síndrome do Intestino Irritável (SII), uma condição caracterizada por sintomas de desconforto abdominal, dor, diarreia e constipação, não é diferente.
A causa da SII é desconhecida, mas supõe-se que a alteração da movimentação intestinal esteja relacionada aos fatores emocionais, dietéticos, farmacológicos ou hormonais, e dessa forma, esses aspectos podem precipitar ou agravar os sintomas gastrointestinais.
Por esse motivo, a SII é compreendida como uma associação de fatores fisiológicos e psicossociais, sendo os indivíduos ansiosos, depressivos ou com outros transtornos mentais mais prováveis de desenvolver a doença.
O diagnóstico, feito por um médico gastroenterologista, é de exclusão, e a classificação do distúrbio ocorre de acordo com o padrão de perturbações do trânsito intestinal. Além disso, seu tratamento depende da apresentação clínica.
Apesar de não haver cura para a SII, o tratamento é multidisciplinar e há algumas recomendações nutricionais a serem seguidas para obter uma melhora dos sintomas. Uma dieta com baixo teor de FODMAPs (carboidratos fermentáveis) pode diminuir o desconforto causado por esses nutrientes, já que os FODMAPs são conhecidos como um importante gatilho para a manifestação dos sintomas de SII.
A dieta low-FODMAP envolve a restrição temporária de carboidratos de cadeia curta que são mal absorvidos no intestino delgado e rapidamente fermentados por bactérias no intestino grosso, levando à produção de gás, inchaço e outros sintomas. Alguns exemplos de alimentos ricos em FODMAPs incluem:
- Frutose: maçãs, peras, mangas, mel, xarope de milho rico em frutose.
- Lactose: leite de vaca, sorvete, queijos frescos (ricota, cottage), Whey Protein.
- Frutanos: trigo (pão, massas, cereais), centeio, cebola, alho.
- Galactanos: feijões, lentilhas, grão-de-bico.
- Polióis: manitol (encontrado em cogumelos e adoçantes artificiais), sorbitol (encontrado em algumas frutas e adoçantes artificiais), xilitol.
E quanto ao colágeno? Será que existe algum benefício na suplementação em uma dieta low-FODMAP para SII?
Embora o colágeno não seja tradicionalmente o foco principal no manejo da SII com a dieta low-FODMAP, ele pode oferecer alguns benefícios complementares, especialmente considerando a saúde intestinal:
- Suporte à integridade da barreira intestinal: estudos sugerem que os peptídeos de colágeno podem contribuir para a integridade da mucosa intestinal. Uma barreira intestinal saudável é crucial na SII, onde a permeabilidade intestinal aumentada pode desempenhar um papel na piora dos sintomas. O colágeno, rico em aminoácidos como glicina e prolina, pode fornecer os blocos construtores necessários para a reparação e manutenção do tecido intestinal.
- Fonte de proteína de fácil digestão: o colágeno hidrolisado em peptídeos é geralmente bem tolerado e de fácil digestão, o que pode ser vantajoso para indivíduos com SII que frequentemente experimentam sensibilidade a diversos alimentos e dificuldades digestivas. Além disso, é naturalmente livre de FODMAPs, tornando-se uma opção proteica segura dentro da dieta de restrição.
O manejo dos sintomas da SII vai além da alimentação, mas a dieta low-FODMAP é vista como potencialmente benéfica. Por isso, a Síndrome precede acompanhamento médico e a orientação de um nutricionista para a prescrição adequada da dieta e para o sucesso no resultado do tratamento.
Referências bibliográficas:
https://doi.org/10.1111/j.1440-1746.2009.06149.x
https://doi.org/10.1111/jgh.13686
https://doi.org/10.1038/s41538-024-00367-7